Utilizar um equipamento elétrico “Ex” garante a segurança em uma área classificada?

Utilizar um equipamento elétrico “Ex” garante a segurança em uma área classificada?

É de popular conhecimento para as pessoas envolvidas com instalações elétricas industriais, que os equipamentos elétricos destinados a serem instalados em áreas classificadas, devem possuir certificado de conformidade que comprove o atendimento aos requisitos normativos de segurança “Ex”. No entanto é imprescindível entender que somente a instalação de equipamentos certificados “Ex”, NÃO É SUFICIENTE para tornar segura uma atmosfera potencialmente explosiva, pois se sua instalação não for devidamente realizada considerando os requisitos da norma ABNT NBR IEC 60079-14 e ABNT NBR IEC 61892 (no caso de Instalações elétricas marítimas), as recomendações do fabricante e boas práticas de instalação, o próprio equipamento certificado para proporcionar segurança pode acabar se tornando uma fonte de ignição, quando na presença das substâncias combustíveis, ou seja, a formação de uma atmosfera explosiva.

A seguir, alguns exemplos de falhas na instalação, que anulam a proteção dos equipamentos certificados “Ex”:

  • Cabos com prensa cabos inadequados;
  • Cabos singelos expostos;
  • Prensa cabos com tipo de proteção incompatíveis com o tipo de proteção dos invólucros;
  • Prensa cabos montados de forma inadequada;
  • Bujões ou tampões com tipo de proteção incompatíveis com o tipo de proteção dos invólucros;
  • Não utilização de unidades seladoras ou não realização da selagem após instalação;
  • Invólucros com entradas abertas, sem bujão ou tampão;
  • Não utilização de todos os parafusos ou aperto não realizado totalmente no fechamento de invólucros;
  • Painéis pressurizados “Ex p” com o sistema de pressurização não operante;
  • Realização de emendas de cabos com fitas isolantes;
  • Utilização de fitas do tipo “veda-rosca” em roscas de eletrodutos ou conexões;
  • Danos ignorados em juntas flangeadas a prova de explosão;
  • Grau de proteção do equipamento inadequado ao ambiente instalado.

Para efeitos de exemplificação, exploraremos mais a fundo a situação ilustrada a seguir:

No exemplo acima, temos um equipamento com tipo de proteção “Ex d” recebendo cabeamento não armado com prensa cabo para cabo não armado que possui tipo de proteção “Ex e”. Quando ocorrer a formação de uma atmosfera explosiva, o centelhamento interno do equipamento provocará a ignição da mistura explosiva no interior do invólucro, e a explosão que deveria ser contida através do resfriamento dos gases resultantes da queima pelo tipo de proteção “Ex d”, será propagada ao ambiente externo em decorrência do prensa cabo “Ex e” não ser construído para resistir a uma pressão de explosão sem propagar risco ao ambiente externo.

Um prensa cabo com proteção “Ex e” é destinado a aplicações em invólucros que não possuem a função de suportar uma pressão de explosão, como no exemplo abaixo, aplicado em invólucro “Ex e”, no qual os tipos de componentes elétricos nele instalados já possuem um tipo de proteção “Ex” que não permite a ignição no invólucro.

A seguir, é apresentada a aplicação correta de um prensa cabo para o equipamento “Ex d” do primeiro exemplo:

Neste exemplo temos o equipamento com tipo de proteção “Ex d” recebendo cabeamento não armado com prensa cabo para cabo não armado que possui tipo de proteção “Ex d”. Quando ocorrer a formação de uma atmosfera explosiva, o centelhamento interno do equipamento provocará a ignição da mistura explosiva no interior do invólucro, e a explosão será contida através do resfriamento seguro dos gases resultantes da queima, liberando-os ao ambiente externo sem que ocorra propagação de explosão.

É importante reforçar que mesmo com o prensa cabo adequado ao tipo de cabo e também ao tipo de proteção, se sua montagem não for realizada adequadamente, a propagação da explosão não será evitada

No exemplo acima, temos o equipamento com tipo de proteção “Ex d” recebendo cabeamento não armado com prensa cabo para cabo não armado que possui tipo de proteção “Ex d”, porém com o aperto realizado sobre as vias internas do cabo. Quando ocorrer a formação de uma atmosfera explosiva, o centelhamento interno do equipamento provocará a ignição da mistura explosiva no interior do invólucro e a explosão que deveria ser contida através do resfriamento dos gases resultantes da queima, será propagada ao ambiente externo através do ponto de entrada do cabo, por meio dos vãos entre as vias internas do cabo.

Após refletirmos sobre as situações acima, fica evidente que somente a obtenção de equipamentos elétricos certificados “Ex” é insuficiente para que se tenha uma instalação segura, sendo fundamental que os requisitos normativos da série ABNT NBR IEC 60079 e ABNT NBR IEC 61892 sejam observados e cumpridos, quanto a realização da instalação.

Além dos exemplos aqui detalhados e as não conformidades mencionadas no início, existem ainda outras formas de instalação incorretas que promovem alto risco às instalações elétricas em áreas classificadas. Tais falhas, ocorrem normalmente devido à falta de informação dos instaladores ou negligência quanto aos riscos envolvidos, uma vez que na existência destas falhas de instalação, não havendo danos imediatos decorrentes de uma eventual explosão, as pessoas envolvidas na instalação passam a considerar como “normal” a montagem inadequada dos equipamentos, mas porque tais situações tornam-se comuns, não significa que são normais, pois o normal deve ser a situação segura em conformidade as normas vigentes.

Em paralelo às considerações acerca do processo de instalação mencionadas, também se faz necessária a observação dos equipamentos sob o ponto de vista do tempo total em que permanecerão instalados na área classificada, sujeitos a descaracterização da proteção “Ex” decorrentes do uso ou mau uso.  Para que esta proteção seja mantida, as atividades inspeção e manutenção devem ser rigorosamente realizadas conforme ABNT NBR IEC 60079-17, assegurando confiabilidade à instalação.

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Texto por Thiago Aires

Engenharia – Naville 

08/11/2021 

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